quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vinte e seis de agosto de dois mil e dez, aniversário do Davi

     Se estivesse aqui hoje, estaríamos em algum bar em botafogo, visto que você, muito provavelmente, ainda estaria na Som Livre. O bar seria o águia dos andes, cada vez mais bar de sempre de Botafogo - o bairro - e o Rafael seria o nosso garçom da noite. O jogo do Botafogo - o clube - foi ontem, mas não deixaríamos de cantar o hinos e outras canções tão bonitas quanto. 
     O CH chegaria mais tarde, pois ainda trabalha na Facha. A Paola já estaria bêbada dizendo que te ama, a Bruna estaria feliz lembrando de tantas coisas e contando sobre seu estágio, onde ela está se saindo muito bem. Matheus e eu estaríamos falando as mesmas merdas de sempre, agora com menos agressividade - pelo menos por minha parte. 
     Mas você não está e nesse momento deve estar em algum bom restaurante comemorando seu primeiro aniversário em uma cidade nova. Tudo novo, o garçom é outro, o ambiente é outro e o sotaque que você ouve na hora que irá pagar a conta é outro, agora familiar pra você. 
     Você, claro, está feliz e vê o seu breve passado como uma boa lembrança, mas é passado, e o seu futuro lhe reserva coisas muito melhores. Claro, isso é muito feliz e é o objetivo de todo ser humano. Hoje, nós aqui sentimos a sua falta. A falta da sua racionalidade, da sua cabeça pensativa e do seu sarcasmo ímpar. Hoje, nós estamos aqui para dizer nada além de "volte". Mas claro, não queremos que você volte, queremos que você siga feliz a vida que você escolheu. 
     Parabéns, te amo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Meu nome não é Feio


      Ah, não é possível! É deitar a cabeça no travesseiro e esse cachorro começa a latir insanamente. Parece que faz de sacanagem, inacreditável. Também, não me surpreenderia se acaso ele fizesse isso de propósito. Ele e eu temos uma rixa desde mil novecentos e antigamente.
     Lembro-me de um primeiro dia de aula de um ano qualquer. Minha mãe simplesmente colocou o cachorro no meu colchão e ele, todo feliz, me acordou a lambidas. Naquela época, eu levava essas coisas felizes, hoje também, então não faz diferença. Mas ele não é assim comigo. Exclusivamente comigo.
     São dois os momentos em que ele gosta de mim: Um, quando eu tenho comida em mãos. É impressionante como ele começa a me adorar e me querer, isso até o final da minha refeição, porque hoje em dia eu não dou mais nada para esse safado. Dois, quando ele está preso. É um chororô sem tamanho, até o momento que eu canso e o liberto. Ele corre feliz pela cozinha, pela sala, parece ter cumprido toda a pena de seu crime e agora pode ser um cachorro livre novamente. Isso, claro, até a minha mãe chegar.
      Minha mãe, hoje, não o suporta mais. Também pudera, o desgraçado tem mais de 13 anos e nunca parou de mijar nos colchões, nos sofás e onde mais ele não deve. Meu pai tentou, minha irmã tentou, eu tentei, minha mãe não. Simplesmente o prendeu e fim de papo pro pequeno Feio.
     Aliás, Feio é como a minha irmã o chama. É costume, já. Só o chama pelo nome quando é para dar esporro por ter feito besteira, ou por não parar de latir para o nada, como tem acontecido constantemente. E com aquela voz fina que minha irmã tem, ela grita por Feio. Feio pra lá, Feio pra cá, “Feio, entra”, “Feio lindo da mamãe” – Sendo que ela, nem biológica, nem adotiva, é a mãe.
     Aí chega a minha mãe e acaba a brincadeira dele do dia. É, ele tem que voltar pro lugar. Minha irmã levanta e caminha até a porta de saída, ou entrada do pobre e o chama. Ele entra com uma tristeza, se encolhe no canto da parede e deita.
     Dá pra imaginá-lo resmungando: “Sei que já errei , mas peço desculpa. Não agüento essa surdinha me chamando de Feio. Meu nome não é Feio, meu nome é Jhonny e não me prendam, por favor, eu tenho medo de escuro.”
     Assim segue a vida. Depois disso todos vão dormir, eu me preparo também. Desligo o computador, confiro o despertador, apago as luzes, deito a cabeça e ... Porra, Jhonny!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eterno desfecho

E se eu estivesse prestes a fechar meus olhos eternamente,
E te pedisse pela última vez a tua companhia novamente.

E se eu tivesse um último lugar e fosse este o nosso lugar
Em que o tempo parou assim que sorriu dizendo ser minha?

E se você dissesse sim

E se eu tivesse um último desejo antes de minha partida.
E fosse este para todo o sempre o resto de minha vida.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Manhã sem título

Acordei
Com os olhos marejados d'agua por ter sonhado você.
E nos sonhos nós éramos felizes novamente. Eu tinha você ao lado como tive por tantas vezes.
Era como as flores quando chegava a primavera, felizes, assim como eu estava.
Então eu acordei. Mas apesar de ter os olhos molhados, eu não estava chorando.
Foi apenas um cisco que caiu em meu olho.
Enquanto eu sonhava
De olhos fechados.